11 | aquele sobre café(s)
o meu lado millennial não falha ou: cafeterias em são paulo para amar.
Antes que o café esfrie já é, de pronto, um ótimo nome para um livro. Aliás, se um título vier com as palavras “café”, “gato” ou “livraria” eu já me sinto 50% inclinada a lê-lo. Mas o livro que comentei existe e é do escritor japonês Toshikazu Kawaguchi. Ele fez o maior sucesso dentro e fora do Japão — no país, foram mais de 1 milhão de exemplares vendidos. No enredo, conhecemos um café chamado Funiculì Funiculà que pode enviar seus clientes para algum momento no passado, mas, como há muitas regras para essa viagem, as pessoas normalmente desistem logo.
Entre as regras, descobrimos que os clientes só poderão usar uma cadeira específica no café para usar como máquina do tempo. Um dos empecilhos pra acessar a tal cadeira é que ela quase sempre está ocupada por uma leitora fantasma, que sai apenas uma vez por dia dali para ir ao banheiro (sim). É nesse momento que a pessoa precisa aproveitar a deixa e sentar no lugar vago, porque, se for incomodar a fantasma enquanto ainda estiver sentada, ela o amaldiçoará até que uma das atendentes encha a xícara dela com mais café. Ou seja, uma fantasma gente-como-a-gente logo depois de acordar (ou qualquer outro horário ao longo do dia).
Originalmente construído para ser uma peça (já tem até filme!), o livro é muito fofinho e me deixou emocionada algumas vezes, com histórias que a gente tem o prazer de acompanhar. Diferente dos livros que costumo ler, ele é leve, quase num clima de sessão da tarde. A continuação dele foi publicada recentemente no Brasil e são, ao todo, quatro livros nesse mesmo cenário, já disponíveis em inglês.
Ainda na vibe do cafezinho, eu sou uma profunda entusiasta do drama coreano Gostaria de uma xícara de café?, que está disponível tanto no Viki quanto na Netflix. Nele, acompanhamos o dia a dia de um barista e do dono de um café lidando com seus clientes. É interessante perceber que, ao lidar com os outros, eles aprendem mais sobre si mesmos e, aos poucos, vamos percebendo o desenvolvimento desses personagens ao longo de cada episódio. A forma que eles transitam entre os fregueses, conhecendo as suas histórias, é uma forma também de compreender o mundo. Assim, nós nos vemos como o barista, absorvendo ensinamentos tão importantes a partir de pessoas comuns.
Talvez eu ainda não tenha falado nessa newsletter, mas quem me acompanha nas redes sociais sabe que uma das coisas que mais gosto de fazer, que mais me dá a sensação de descanso, é parar um tempinho em algum café, tomar algo gostoso e passar um bom tempo lendo e escrevendo com tranquilidade por lá.
E o curioso é que, várias vezes, eu me pego prestando demais atenção nas histórias que se passam do meu lado — nos pais de primeira viagem, na menina estudando coreano, no primeiro encontro de um casal, no moço que vai sozinho apenas para ler, nos jovens otakus apressados que gargalham e falam alto… Eu preciso me vigiar para não parecer uma mulher louca obcecada pelos estímulos alheios. Nesse ponto, sou uma millennial inveterada. Enquanto percebo grande parte da geração Z interessada em energético e vape como café da manhã, eu me mantenho esbanjando a minha faixa etária 30+ e vangloriando o ato de sentar em uma cafeteria e pedir uma generosa xícara de café pra começar o dia.
Inspirada pela newsletter da Gaía Passarelli, resolvi fazer, eu mesma, uma listinha de cafés em São Paulo que são os meus favoritos para passar esse tempinho gostoso à toa, absorvendo outras histórias ou apenas tomando conta da minha. Claro que, se pudesse, colocaria todas que conheço aqui, mas achei melhor dar uma boa selecionada e dividir com vocês aquelas que estão no meu coração e que, se não visito com uma certa frequência, começo a ficar com saudades.
Minha primeira indicação é uma cafeteria coreana no Bom Retiro que, talvez, seja um dos meus locais preferidos de São Paulo. Ela não é pretensiosa, e talvez por isso goste tanto. O espaço é grande, a comida deliciosa e o café americano vem em uma caneca bastante cheia, do jeitinho que eu quero. Tem wi-fi, tomada e mesas afastadas caso precise estudar. Aliás, gosto de sentar por lá pra estudar meu japonês enferrujado. É um lugar que eu costumo apresentar às pessoas com frequência.
∴ Macabéa Café ∴
Não morar mais na Santa Cecília tem uma parte ruim: já não estou mais perto do Macabéa. Eu amava ir à cafeteria no meio da tarde, fugindo um pouco do estresse do trabalho, só pra tomar um café e pedir um pedaço de algum bolo maravilhoso feito pela irmã dos donos — vocês precisam experimentar o Mané Pelado, meu preferido, com mandioca, coco ralado e queijo meia cura; ah, e o Red Velvet também é um absurdo de gostoso. Sem contar a estante de livros cheia de títulos maravilhosos pra fuçar.
∴ Studios Coffee ∴
Esse fica em Pinheiros, bem na Praça Benedito Calixto, onde sempre rola uma feira legal aos sábados de manhã. O café é super descolado e totalmente ligado à cultura street art. Lá também são vendidos alguns itens de arte e discos de vinil remasterizados. A comida é incrível e nunca deixo de pedir um cinnamon roll, que vem com uma camada generosa de creme e é meu preferido de todos!
∴ Hm Food Café ∴
Também pertinho da Praça Benedito Calixto, o Hm Food Café tem um ambiente muito lindo e todo cheio de plantas. Além do café, eu sou fascinada pelo muffin de frutas vermelhas (eu costumo comer DOIS) e, quando quero algo mais fancy escolho uma sobremesa de maçã caramelizada que é divina!
∴ Naïf Café ∴
Um dos meus favoritos na época que morava na Santa Cecília, o Naïf é bem pequenininho e possui poucas mesas, mas era ideal quando queria ir só pra focar na minha leitura e na minha escrita. O café é maravilhoso e eu, se fosse vocês, pediria uma fatia da torta de banana com doce de leite que é simplesmente divina. Aliás, só de pensar nela agora tá me dando água na boca. É perfeita.
∴ Casa Coffee Co. ∴
Super pertinho da estação de metrô Vila Madalena tem o Casa Coffee Co., que já me conquistou de cara pela decoração linda. Nele fui poucas vezes, mas tenho a intenção de voltar mais, porque é um ambiente que enche os olhos. Eu sou fascinada pelos cafés gelados e pela barrinha de chocolate com biscoito deliciosa.
∴ WakuWaku ∴
Ali na Rua Maria Antônia, esquina com Rua Consolação, tem esse café que já fui diversas vezes trabalhar (quando ainda era exclusivamente home office). E não dá vontade de ir embora, porque a comida é ótima (especialmente os cookies) e eu sou viciada no milkshake de café com nibs de cacau. Acho que eu poderia tranquilamente tomar um desse todos os dias da minha vida e ser feliz.
∴ Mug ∴
Desses absurdamente lindos, acho que não poderia deixar de citar o Mug, que tem unidades espalhadas por aí, na Santa Cecília, na Avenida Paulista e nos Jardins. E todas as cafeterias estão em uns casarões impressionantes e bem decorados. Eu sou contra cafeteria que faz café na mesa do cliente, mas até que abro uma exceção pra essa canecona de MIL LITROS que o Mug traz pra gente, hahah.
∴ Urbe Café Bar ∴
Acho que deve ser muito difícil criar um ambiente híbrido que funcione tão bem para café da manhã & brunchs como para drinks à noite com os migos. E acho que o Urbe faz isso com bastante proeza. Mesmo antes de morar definitivamente em São Paulo, eu gostava de ir lá, que fica quase na esquina com a Rua Augusta, pedir um café ou um drink e ficar lendo meus livrinhos no balcão. Até hoje faço isso, principalmente depois de um dia meio cansativo do trabalho.
Eu super poderia ficar falando por páginas e páginas sobre cafés e cafeterias. Foi um hábito que comecei a cultivar logo após a faculdade, quando ainda morava em Belo Horizonte, e que foi super importante para o desenvolvimento da minha dissertação. Ficava horas sentada escrevendo, planejando os próximos passos e analisando o que conseguia coletar da pesquisa. O costume de levantar, dar uma pausa na leitura ou na escrita, para pedir mais um café ou algo pra comer me ajudou (e ainda ajuda) muito a organizar as ideias.
Acho que, não à toa, sempre que conheço algum livro, filme ou série que aborda essa temática fico tão interessada. Eu me vejo nessas narrativas. Eu me vejo sentada ali vivenciando um pouco do dia a dia daqueles personagens, seja apreciando uma boa xícara de café, seja apenas ouvindo as histórias das pessoas que passam por lá. É uma maneira tão rica de refletir sobre nós mesmos e sobre a vida, além de trazer um momentinho de pausa nesse cotidiano tão maluco e incessante que experimentamos.
Agora me deem licença que eu vou terminar de tomar meu cafezinho. <3
Meu deus, esse é exatamente o texto que eu sempre quis fazer, mas nunca concluí porque sempre parecia que faltava algo! Tenho rascunhos de quando esse drama estava passando, e a conexão dele com esse livro foi muito instantânea pra mim também. Essa sensação parecida de história leve, acolhedora e emocionante.
Muito obrigada por colocar em palavras (e pelas ótimas dicas de cafés) 🤎
Excelente! Como em breve vou retomar um projeto chamado #366Cafés, tô anotando todas as suas dicas para conhecer os lugares desta lista que ainda não visitei. :)